No dia 22 de Fevereiro, o Primeiro Ministro Boris Johnson anunciou um plano para que novas medidas de relaxamento do lockdown, que vem sendo aplicadas desde o inicio de Janeiro na Inglaterra, sejam seguidas nos próximos meses.
Johnson disse: “Seremos cautelosos sobre esta abordagem para não desfazer o progresso que alcançamos até agora e os sacrifícios que cada um de vocês fizeram para manter a si e aos outros seguros”.
As regras de reabertura dos locais não essenciais e do isolamento social serão feitas em 4 etapas e 4 condições devem ser atendidas em cada etapa, onde o governo examinará os dados para avaliar o impacto das mudanças anteriores.
As quatro condições que devem ser atendidas em cada fase de atenuação do lockdown são:
– O programa de vacina contra o coronavírus continuar atingindo as metas conforme o planejado;
– As evidências mostrarem que as vacinas estão reduzindo suficientemente o número de pessoas que morrem com o vírus ou que precisam de tratamento hospitalar;
– As taxas de infecção não apresentarem risco de aumento nas internações hospitalares;
– Novas variantes do vírus não alterarem fundamentalmente o risco de suspensão das restrições.
O que talvez seja mais interessante sobre essas quatro condições, é que um aumento nos níveis de infecção não é, por si só, uma barreira para aliviar ainda mais as restrições.
Alguns membros da comunidade científica, bem como alguns sindicatos de professores, acreditam que qualquer aumento no número de contaminação não deve ser tolerado.
Mas, em vez disso, as taxas de infecção só estão sendo vistas como um problema pelo governo, caso houver o risco de um aumento nas hospitalizações.
Isso não quer dizer que um surto de infecções possa ou seja tolerado – o número de pacientes com Covid no hospital ainda está apenas um pouco abaixo de onde estava no primeiro pico.
No entanto, a implantação do programa de vacinação, enfraquece a ligação direta entre infecções e internações hospitalares.
E, como todas essas condições acima mencionadas, estão sendo atingidas, a Primeira Fase será dividida em duas partes: sendo que a primeira parte será a partir de 8 de março, onde os residentes de lares de idosos na Inglaterra terão permissão para escolher uma pessoa para visitá-los regularmente (deverá ser sempre a mesma pessoa).
Eles poderão se encontrar dentro do local e podem dar as mãos – mas os visitantes devem usar todos os esquipamentos de proteção e devem ser testados negativos antes de entrar no ancionato.
Além, disso, no dia 8 de março todas as escolas serão reabertas, embora haverá alguns dias de flexibilidade para permitir que medidas como testes sejam implementadas e as escolas fiquem melhor preparadas para receber os alunos de forma segura.
Os alunos do ensino médio (secondary schools) serão obrigados a usar máscaras nas aulas, bem como nas áreas comuns e haverá testes de Covid em massa para esses alunos. Depois de 3 testes feitos na escola, espera-se que os pais façam o teste em seus filhos, duas vezes por semana.
Porém, nada foi mencionado e nenhum teste até agora foi planejado para os alunos do ensino fundamental (primary school).
A volta dos alunos para as escolas é obrigatória, podendo ser aplicadas multas caso os pais não mandem seus filhos – diferente do que aconteceu ano passado, quando os pais tinham a oportunidade de escolher se mandavam ou não seus filhos para a escola.
Esportes e atividades ao ar livre após as aulas será permitido e recreação em espaços ao ar livre – como um parque – também será permitido entre duas pessoas, o que significa que essas poderão se sentar para tomar um café ou fazer um piquenique e não somente para fazer exercício como estava permitido até agora.
Porém, deve-se continuar a manter distanciamento social das pessoas fora de sua casa. Férias não serão um motivo permitido para viajar e aqueles que pretendem deixar o Reino Unido devem preencher um formulário de declaração de viagem de ida antes da partida.
Os Clinicamente Extremamente Vulneráveis são aconselhados a não sair de casa até 31 de março (shielding).
A partir de 29 de março, inicia a segunda parte da Primeira Fase, onde será permitido encontros ao ar livre entre 6 pessoas ou duas famílias – inclusive em jardins privados.
As instalações esportivas ao ar livre, como quadras de tênis, basquete ou piscinas, serão reabertas e os esportes organizados para adultos e crianças, como futebol, também retornarão.
As pessoas poderão viajar para fora de suas áreas locais – embora as orientações recomendem permanecer no local e pernoites ainda não serão permitidas.
A ordem de permanência em casa terminará, mas as pessoas são incentivadas a trabalhar de casa sempre que possível. Nesse momento, ainda não será permitida viagens ao exterior.
A Segunda Fase acontecerá a partir de 12 de abril, onde os estabelecimentos não essenciais como cabeleireiros, manicures, bibliotecas e museus reabrirão.
Bares e restaurantes que tenham espaços ao ar livre também poderão reabrir, porém será permitido até no máximo 6 pessoas ou uma família que habite a mesma residência e desde que todas as pessoas estejam sentadas, para não haver aglomeração.
A maioria dos ambientes ao ar livre reabrirão, como zoológicos, parques temáticos, cinemas drive-in, campings, etc.
Ginásios, piscinas cobertas, spas e academias também serão reabertas (mas apenas para uso por pessoas sozinhas ou em grupos da mesma moradia).
Embora os funerais possam continuar com até 30 pessoas, o número de pessoas que podem comparecer a casamentos, recepções e eventos comemorativos, será de no máximo 15 pessoas.
Em abril o governo também determinará quando as viagens internacionais devem ser retomadas, mas acredita-se que não será antes de 17 de maio.
A Terceira Fase acontecerá a partir de 17 de maio, onde ao ar livre, a maioria das regras de contato social será suspensa, tendo um limite de até 30 pessoas reunidas, permitindo assim que as pessoas decidam sobre o nível de risco apropriado para sua condição de saúde.
Encontros em ambientes particulares permitirá duas famílias de casas diferentes ou 6 pessoas de diferentes residências se reunirem, e ambientes fechados como restaurantes e bares poderão reabrir, mas seguindo a regra de seis pessoas. Porém o governo afirma que manterão sob revisão se é seguro aumentar esse número de pessoas.
Também haverá a reabertura de cinemas, soft plays, hotéis e até aulas de ginástica e até 30 pessoas podem comparecer a casamentos, recepções, funerais, velórios, etc.
As apresentações e eventos esportivos serão retomados – apresentações em ambientes internos com mais de 1.000 pessoas ou meio-cheia e ao ar livre com capacidade para 4.000 ou meio-cheia (o que for menor).
Nos locais com lugares sentados ao ar livre, como estádios de futebol, até 10.000 pessoas ou 1/4 cheio (o que for mais baixo) podem comparecer.
Na Terceira Fase, o governo pretende atualizar os conselhos sobre o distanciamento social entre amigos e famílias, incluindo a permissão de abraços entre as pessoas. Mas até este ponto, as pessoas devem continuar a manter distância de qualquer pessoa que não esteja em sua casa ou bolha de apoio.
Finalmente, antes do início da Etapa 4, o governo fará uma revisão do distanciamento social e outras medidas que foram postas em prática para cortar a transmissão: tais como as regras sobre 1 metro ou mais de distância entre as pessoas, o uso de máscaras faciais, trabalho de casa e outras medidas que podem inclusive ser suspensas.
A Quarta Fase, não acontecerá antes de 21 de junho e significa que nessa data, todos os limites de contato social podem ser removidos e tendo como ambição reabrir setores fechados da economia, como boates.
A idéia é eliminar as restrições a grandes eventos e shows além de remover todos os limites de números de pessoas em casamentos e outros eventos.
Mas para que isso aconteça, haverá um “Programa de Pesquisa de Eventos”, onde será testado certos “eventos pilotos” durante a primavera e o verão e diversas técnicas para reduzir o risco de infecção serão testadas.
Já os outros países do Reino Unido (Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) estão cada um com medidas diferentes e fases implementadas em diferentes datas.
Lembrando que ao implementar este plano, o governo da Inglaterra analisará os dados, não por datas, para não correr o risco de um aumento repentino de infecções que colocariam uma pressão insustentável no NHS (SUS daqui).
Portanto, todas as datas desse plano são indicativas e sujeitas a alterações. Haverá um mínimo de cinco semanas entre cada etapa: quatro semanas para que os dados científicos reflitam as mudanças nas restrições e sejam analisados; seguido por um aviso prévio de uma semana em relação as restrições que serão atenuadas.
Caso queira saber mais detalhes sobre todo esse processo, como será cada fase e quais medidas em relação à vacinação, economia e demais informações, é só clicar nesse link aqui (em inglês).
Até o momento, houve mais de quatro milhões de casos confirmados de coronavírus no Reino Unido e infelizmente mais de 120.500 pessoas vieram a falecer. Sendo a média diária de mortes, em torno de mais de 500 pessoas. Atualmente, há mais de 18.000 pessoas com COVID e que estão hospitalizadas no Reino Unido.
Já o número de infecções diárias no Reino Unido está diminuindo, depois de um período bem complicado, onde os números estavam bastante alarmantes e por isso foi introduzido o terceiro lockdown no início de Janeiro.
Uma notícia boa, é que há “dados iniciais” sugerindo uma redução na transmissão do vírus em pessoas que receberam a vacina, disse o Ministro da Saúde Matt Hancock, acrescentando que as internações estão caindo “muito mais acentuadamente” do que na primeira onda da pandemia.
Sir David Spiegelhalter, professor de estatística da Universidade de Cambridge, disse que os dados sobre fatores como internações hospitalares e mortes são “extremamente positivos” e “melhores do que as pessoas teriam previsto”.
Mais de 17.5 milhões de pessoas no Reino Unido já receberam sua primeira dose da vacina e pouco mais de 620.000 pessoas tiveram a segunda dose aplicada.
A média atual dos últimos sete dias é de cerca de 400.000 doses por dia de vacinas. Nesse link aqui vocês podem verificar os números oficiais.
Com esses números, o governo diz estar confiante de que haverá suprimentos suficientes para vacinar todas as pessoas com mais de 50 anos, bem como os cuidadores de idosos e de deficientes (não são remunerados) e pessoas de qualquer idade com problemas de saúde, até o final de abril.
Já o resto da população, acredita-se que serão vacinados até o outono de 2021 na Europa. Porém o Primeiro Ministro disse estar confiante e há possibilidades de que possam ser vacinados até Julho, se tudo ocorrer bem.
Enfim, as notícias de hoje são ótimas, mas todos devemos lembrar que o COVID-19 continuará fazendo parte de nossas vidas e teremos que continuar vivendo nossas vidas de forma diferente para manter a nós mesmos e aos outros seguros.
No entanto, se todos nós continuarmos a fazer nossa parte, estaremos um pouco mais perto de um futuro mais “normal” do que esses últimos meses que estamos vivendo.
Parece o Brasil… super bem organizado!! Kkkk